terça-feira, 18 de maio de 2010

Opinião: A laranja boa no cesto podre

 Imagem: AgNews
Falar de televisão não é algo fácil. Falar de telenovelas muito menos. Simplesmente porque é algo que mexe com o gosto popular, e os folhetins são alvos de verdadeiras paixões por parte do público. Por isso é sempre bom ter cuidado com as críticas e com a forma como elas são colocadas. Mesmo assim, falar da falta de qualidade da trama do SBT “Uma Rosa com Amor” é não sair do senso comum.
Qualquer telespectador desatento percebe num piscar de olhos a quantidade de problemas que a novela apresenta capítulo após capítulo. Desde os cenários que são de extremo mau gosto e seguem o padrão do SBT em “mexicanizar” tudo, até o figurino seguindo a mesma linha e que parece não fazer parte dos adereços da cena por estarem incrivelmente mal colocados.
O texto do folhetim é o que há de pior atualmente na TV brasileira. Na tentativa de resgatar o humor leve e inocente para a TV brasileira, o autor Tiago Santiago mantém o estilo da obra atual e se esquece que estamos em outro século e com décadas de diferença. Era evidente que seguir o mesmo padrão não daria resultados. Ele manteve o mesmo formato, mas também não abandonou seu jeito didático e cansativo de escrever, que também afugenta e muito o público.
O elenco também é preocupante. Um folhetim que não consegue se segurar com seu elenco não tem qualquer chance de fazer sucesso. Mesmo com um texto bom, atores e atrizes que não conseguem passar para o público a verdade escrita no roteiro, destroem toda a estrutura de uma telenovela. Não é o caso, pois o texto também não é bom. Mesmo assim, praticamente todo o elenco está de regular para ruim, isso inclui veteranos como Jussara Freire - que parece ter ressuscitado a Dona Tosca, personagem vivido por ela em “Belíssima”.
“Uma Rosa com Amor” é a pior novela produzida no ano, não resta dúvidas. É louvável a atitude do SBT em investir em teledramaturgia e deve-se insistir, pois no começo é difícil mesmo. Ainda assim, há uma laranja boa em meio a este cesto podre, e atende pelo nome de Carla Marins. Mesmo diante de um texto fraco, de parceiros de cena que mais atrapalham do que ajudam e de uma direção sem rumo, a atriz que protagoniza a história, vem dando um show de interpretação.
Compôs sua personagem de forma muito feliz e, a cada cena, renova os trejeitos, as situações e encontra sempre uma nova forma de dar a vida a uma personagem deliciosa de se ver. Carla vem mostrando o talento que a consagrou na década de 90 e tomando conta da novela, mostra de que há salvação para a teledramaturgia da casa.

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